Passagem Mais Cara na Região Oeste da Grande São Paulo Pressiona Orçamento do Passageiro
Moradores de cinco cidades da Região Metropolitana Oeste de São Paulo vão começar o próximo ano pagando mais caro pelo transporte coletivo. Os municípios de Osasco, Barueri, Carapicuíba, Jandira e Itapevi anunciaram um reajuste de 5,2% na tarifa de ônibus, elevando o valor da passagem de R$ 5,80 para R$ 6,10. O aumento entra em vigor no início do próximo ciclo tarifário e afeta milhares de usuários que dependem diariamente do transporte público para trabalhar, estudar e acessar serviços essenciais.
O reajuste chama atenção por superar a inflação acumulada no ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Mesmo com uma desaceleração nos índices inflacionários ao longo dos últimos meses, o percentual aplicado na tarifa ficou acima da média anual, ampliando o impacto no orçamento das famílias, especialmente aquelas de menor renda, que destinam uma parcela significativa dos ganhos ao deslocamento diário.
As cinco cidades fazem parte do Cioeste, consórcio que reúne municípios da região oeste metropolitana e que coordena decisões conjuntas relacionadas ao transporte público. Segundo a entidade, o reajuste foi definido com base em critérios técnicos e legais, levando em consideração a recomposição dos custos operacionais do sistema, como combustível, manutenção da frota, salários e encargos trabalhistas.
O consórcio sustenta que o aumento tem como principal objetivo preservar a qualidade, a segurança e a regularidade dos serviços oferecidos à população. A avaliação é de que, sem a correção tarifária, haveria risco de comprometimento da operação, redução de investimentos e dificuldade para manter padrões mínimos de atendimento em um sistema que já enfrenta desafios estruturais.
A decisão contou com a participação direta dos prefeitos das cinco cidades. Em Osasco, o município é administrado por Gerson Pessoa. Barueri tem como prefeito Beto Piteri, enquanto Carapicuíba é governada por José Roberto. Em Jandira, a gestão está sob responsabilidade de Doutor Sato, e Itapevi é comandada por Marcos Godoy, conhecido como Teco.
Apesar das justificativas oficiais, o reajuste tende a gerar insatisfação entre usuários do transporte coletivo, que frequentemente relatam problemas como superlotação, atrasos e tempo elevado de deslocamento. Para muitos passageiros, o aumento da tarifa não é acompanhado, na mesma proporção, por melhorias perceptíveis no serviço, o que reforça o sentimento de que o custo do transporte pesa cada vez mais no dia a dia.
Especialistas em mobilidade urbana alertam que reajustes acima da inflação podem incentivar a migração para meios alternativos, como transporte informal ou veículos particulares, agravando problemas de trânsito e poluição. Além disso, o encarecimento da passagem afeta diretamente a mobilidade da população mais vulnerável, ampliando desigualdades no acesso à cidade e às oportunidades.
O aumento nas tarifas da Região Oeste da Grande São Paulo reflete um debate recorrente nas grandes metrópoles brasileiras: como equilibrar a sustentabilidade financeira do transporte público com tarifas socialmente justas. Enquanto prefeituras e consórcios apontam a necessidade de recompor custos, usuários cobram políticas mais amplas de subsídio, integração tarifária e investimento em eficiência operacional.
Com a nova tarifa prestes a entrar em vigor, o tema deve seguir no centro das discussões locais, pressionando gestores públicos a demonstrar, na prática, que o reajuste se traduzirá em um serviço mais confiável, seguro e digno para quem depende diariamente dos ônibus para se deslocar pela região.